Inalcançável,
Resto-me.
À mim e à minha loucura.
À mim e aos meus pesadelos.
À mim e à frieza das noites.
Em alto-mar, solitária,
Sinto não levar ninguém.
Pois sei que minha alma é feroz,
e não permite nada além d'eu.
No meu navio não se governa,
a certeza,
a bonança,
a calmaria...
No meu navio, sou eu-Capitã
Segredeando mapas que crio,
para cruzar caminhos que desconheço,
mas que serão sempre noite,
sempre inverno,
sempre sombrios.
Resto-me.
À mim e em meus amores.
Eternos amores,
translúcidos amores,
fantasmagóricos amores,
que me sorvem às últimas gotas,
me transformam,
me deixam ir...
Não tenho papéis,
minha única alegria é ser clandestina deste Reino,
dos sem-terra;
dos sem-pais;
dos cem Sóis.
Resto-me.
Inatingível.
Indestrutível.
Inexorável.
E ainda sim me verás,
sempre perto,
sempre frágil,
sempre dócil...
- Juliana ao mar