sexta-feira, 19 de julho de 2013

Confissões de uma pirata

Inalcançável,
Resto-me.
À mim e à minha loucura.
À mim e aos meus pesadelos. 
À mim e à frieza das noites.

Em alto-mar, solitária,
Sinto não levar ninguém.
Pois sei que minha alma é feroz, 
e não permite nada além d'eu. 

No meu navio não se governa,
a certeza, 
a bonança, 
a calmaria...

No meu navio, sou eu-Capitã
Segredeando mapas que crio,
para cruzar caminhos que desconheço, 
mas que serão sempre noite, 
sempre inverno, 
sempre sombrios.

Resto-me. 
À mim e em meus amores.
Eternos amores, 
translúcidos amores, 
fantasmagóricos amores,
que me sorvem às últimas gotas,
me transformam,
me deixam ir...

Não tenho papéis, 
minha única alegria é ser clandestina deste Reino,
dos sem-terra;
dos sem-pais;
dos cem Sóis.

Resto-me.
Inatingível.
Indestrutível. 
Inexorável.

E ainda sim me verás,
sempre perto, 
sempre frágil, 
sempre dócil...


- Juliana ao mar