terça-feira, 21 de outubro de 2008

Comedora de notas

Enquanto o veneno tomava conta de nossos corpos ainda cobertos, pelas máscaras do nosso cotidiano tedioso e sem gosto eu olhava atentamente, sua boca abrir e fechar, e sorrir, e dizer qualquer coisa, que também me causasse a mesma expressão.

"Eu te amo"

Eu quis dizer. Mas não movi um músculo sequer.
Eu te amo. Eu te amo?

Eu sei quem você é. Eu sei o que você é.
E quando você faz as suas notas delirantes percorrerem pela casa, eu sinto que eu poderia comê-las.

Deglutir as canções, que você criou, para outra pessoa.
Mas que foram feitas pra mim.
Mesmo que você não saiba.

Eu consigo ver pelos seus olhos, brilhantes
que você também sabe disso.

Eu te amo.
Mesmo que você não saiba.

domingo, 19 de outubro de 2008

Medo

Tenho medo.
Medo de não ter aproveitado o breve tempo que me resta.
Medo de não ter saído na noite passada, e não amanhecer, simplesmente.

Ela me diz que o mundo não vai acabar hoje.
E eu abro um sorriso, mais desesperado que pleno.
E digo que sim, o mundo pode acabar hoje.

E são tantas coisas que destroem, meu amor.
O nosso amor pelas tantas coisas.

Você diz que eu não presto, que eu não sei viver.
E eu digo que você faz de conta.