quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ninguém

Em nua carne, em mais um leito de minhas mil mortes.
Não falo, não vivo, não sou.
Num lugar onde não resiste, o coração.

Acalmo meu choro, na fumaça, meu único consolo.
Com as mãos amarelas, sinto-me criança.
E não existe paz, amor, não existe dança.
Nas garras de um dragão, a alma se recolhe.

O que tem sempre atrás daquela porta (que não se detém),
é o gosto amargo da mulher morta que sou.

- Juliana

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Meio-fio

Mal sustentaria um passo sequer.
Na minha leve revolta,
Transcender o que esperam
sempre de uma boa mulher.

Esperando junto à minha angústia,
Sopro fumaça, como um exorcismo
Tentando me livrar dos mil fantasmas que me consomem,
à essa hora, com essa fome.

Queria tudo! Mas não posso quase nada, amor.
Queria você e o mundo...
Mas enfim me resta só a lembrança.
Do tempo que fomos. Do tempo que somos.

O tempo é o senhor de todos os destinos.

Que ele seja também, o meu único parentesco com o universo.
E que me caleje o coração.
Para que possa suportar por mais dez vidas,
viver sem a minha alma,
que em outro planeta guarda todos os meus sonhos.


- Juliana, calada.