domingo, 25 de outubro de 2009

As vitrines

Eu te vejo sumir por aí
Te avisei que a cidade era um vão
Dá tua mão, olha prá mim
Não faz assim, não vá lá, não

Os letreiros a te colorir
Embaraçam a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão frouxa de rir

Já te vejo brincando gostando de ser
Tua sombra se multiplicar
Nos teus olhos também posso ver
As vitrines te vendo passar

Na galeria, cada clarão
É como um dia depois de outro dia
Abrindo o salão
Passas em exposição
Passas sem ver teu vigia
Catando a poesia
que entornas no chão

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Para você, minha flor
que me atira facas, pedras e tapas na cara
na esperança que eu me torne quem tu és.

- Juliana.

Becos

Furiosa, eu anuncio minha dor ao mundo. Numa caminhada fria, eu vomito.
Bêbada, cambaleante, valente...

Empunho uma arma e uma garrafa de vinho sem rótulo, e brinco na rua.
Rodopio, cirandeando com os tambores que tocam dentro de mim.
O cigarro, incendiário, passa de leve pelo veneno que escorre da minha boca.
E eu me torno imune, engolindo minhas próprias agonias.

"Cobra. Você é uma cobra."

Eu sou uma cobra.
Eu me rastejo pela noite.
Eu me rastejo pela vida.

Eu sou uma rainha.

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"Ouça-me bem amor, preste atenção o mundo é um moinho."

- Juliana-réptil.