terça-feira, 7 de agosto de 2007

Mande-me para o Inferno

Me mande para o inferno então,
com sua espátula de flores que
fedem a mentira e a verdade,
um bem-me-quer de saudade,
nas asas de um demônio esperto.


Minha alma se transfere para,
um grito rouco e sem fim,
E você perto de mim,
com esse surrurar maldito e macabro,
querendo ser meu escravo,
querendo ser meu.

Vai! Me mandas para o inferno!
Com suas lágrimas envenenadas,
com gosto de vinho e cigarro.

Incendeio tua casa, tuas roupas, teu dinheiro
tuas gravatas, teu corpo, tua boca, minha boca,

essa cama e teus lençóis...
Há um laço de fita unindo teu coração ao meu.

Vou para o inferno contigo
e essa coisa medonha que tu chamas de amor.
Meu amor, seu amor,
nosso amor, só nosso.

No inferno e em qualquer lugar.



- Juliana

Santa Madre Cocaína

Renda-se.
Eu vim roubar suas esperanças,
seus sonhos e seus desejos.

Eu vim engarrafar sua coragem,
sua fúria e sua mente,
E te plastificar nessa figura demente,
de olhos claros e cegos,
de belas orelhas surdas.


Renda-se.
Eu trouxe a alegria em pó,
colorida e aromatizada, estrategicamente.


Renda-se.
Eu trouxe a salvação.
A sua e a de todos,
trouxe meus fiéis lobos,
para carcomerem suas idéias e pensamentos


E eu somente ri, diante de um dos delírios mais infames que já tive:
50g de cocaína cristã.




- Juliana

Levanta José

Tu querias o quê José?
Tua mulher, teu discurso e teu carinho?
Noites mais frias te espreitam,
mais bondes irás perder.
Já que não pode, beba.
Já que não pode, fume.

Fugir, mofar
e agora o quê, José?

Sua palavra perdeu a doçura,
nem febre, nem fome,
nem gula, nem jejum,
nem ódio, nem amor,
nem incoerência - e agora?

Sem chave, sem porta
sem mar, sem Minas
e agora o que farás José?

Gritar, gemer,
que importa tocar uma valsa

de Viena ou de Paris?
e agora José me diz,
o que queres?

Sozinho, sem nada, sem vida.
Viver como general ou alferes, tanto faz.
Não espere pela poesia José,
da mulher das pernas de louça
por quem vives a suspirar.
Levanta-te e anda José,
prá qualquer lugar.


- Juliana, cansada do Zé Estático