quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Antes de fechar os olhos

Às margens do fim do dia eu me deito;
E já é outro dia. E já sou outra.
Outra indecisa mulher, preparando-se para deitar em uma cama.

Procuro incansavelmente, coisas para me destrair.
Pra me esquivar, de tudo o que aconteceu. De tudo que eu queria que acontecesse...
E de como as coisas simplesmente não acontecem.

Agora não só eu, mas outros esperam, que eu me mova.
Que eu transforme. Que eu decida.
E é tão difícil, para minha personalidade relativamente não-absoluta,
tão simplesmente, escolher.

É perder.
É o meu choro mal contido.
É você.
Mas também eu.

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Peço humildemente, sabedoria, à tudo que me for superior. Pois não sou eu. Nem nunca fui; Mas tenho um desejo enorme de ser.


- Juliana, triste.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sol

O virtuoso solar de quase-verão,
vindo com esses ventos de setembro
O Sol, um guerreiro, um ator.
Dois atores, fingindo não sonhar um com o outro.
Fingindo não pertencer.

E do deslize, involuntário, a hesitação de ficar
por muito tempo, olhando-o nos olhos.
É a coisa mais difícil, poeta...
Mandar a cabeça não obedecer,
a química, o cheiro, o sangue.
Pois tudo se bate.

E nos debatemos como dois lobos, que somos.
Dois lobos, loucos. Forçando nossa natureza.
Forçando a nossa plenitude.
Agonizando neste porão de cegos.

Porque só a loucura explica isso.
Só a loucura explica o cheiro da varanda e do parapeito.
Só a loucura explica a discordância de nossas palavras,
e a nossa briga entre espadas e violões e palavras de homens,
filósofos e poetas.

Entre livros e fumaça, às vezes procuro você.

- Juliana, fria.