domingo, 31 de maio de 2009

Olhos de rio

Que a luz da noite me trouxe
um presente bonito da lua
de terras distantes
com olhos sorridentes;
Um poeta de tambor.

Um beijo doce e uma música;
que alimentava a alma e o corpo.
Lindo;
E eu quase adormeci.

E um poema, pro poeta
que nem sabe que virou

Andadas no centro deserto
Perigosa cerveja

E a noite que eu gostaria que acabasse aqui
enlouquecida, iluminada...



- Juliana, e sua nova paixão secreta.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Doce Sepulcro

Todas as noites meu quarto me vê.
Me vê como eu sou.
Todas as noites eu choro pelos dias:
os que passaram, os que ainda me destróem
e os que por fim, me matarão.

Todas as noites eu vejo meu fauno.
Ébrio, faceiro. Todas.
E às vezes alguém entra sem bater, machucando.
"Porque diabos choras?", "Te internarei num hospício!"

E eu choro pelo mundo, minha alma pobre...
Eu choro por você, e por mim.
No mundo que eu não escolhi viver,
em qual me atiraram, tal como se joga uma pedra em um poço velho.

Eu choro aqui, e quando fora daqui, é a minha alma quem o faz.
E a dor que eu sinto pelo mundo, não é para ser questionada.
Sofro porque o mundo é mundo, e desde que nele estou.

E não sei dele me libertar...

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Quinta de Olinda

Vai, se ela quiser ela vai.
E ela foi. Nem olhou o que tinha no cardápio:
falou com os olhos o que queria.

Vai, se ela gostar. E se ele gostar?
Teto, vermelho, cama, espelho, suor...
Fumaça que paira num quarto de malícia
e aquece ainda mais o corpo.
De novo, meu breve amor?

Faz uma música triste pra mim.
Me faz uma música sem fim...


- Juliana, Bultrins.

Gabriel e Xadrez

"Qual é o seu nome querida?"
Ele queria saber.
"O meu nome hoje é Alex."
"Você é linda. Você é brilhante."

Eu nunca esquecerei seus olhos;
Os seus olhos de festa.
Seus olhos que fechavam.
Sua boca.

"Eu quero ser preso! Eu não tenho medo!"

Vem aqui, meu presente de domingo...



- Juliana ébria, de Carnaval...

Tempestade

Pele ferindo, com gotas de chuva.
Entro num bar, fugindo de outro;
cabeça girando, cabeça baixa.

E por um momento eu pensei por quê?
Por que diabos se escondem todos?
E saí, de repente, pra lutar com a chuva.

Sozinha andei por muitos quarteirões,
Quarteirões infinitos, se estendendo na madrugada.
Segui o som e um amigo que não liga.
Sentei sozinha, onde eu me pudesse ver.

Eles passavam, confundindo com o lixo.
"Quanta honra!...Por estar aqui!" pensei com o coração.
Ele parecia tão eloquente falando sobre as coisas do mundo e da vida.
Passou por mim, e fingiu não me conhecer.

Cabeça de plástico, coração de pedra.
Você não é ninguém.


- Juliana machucada.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

(15° Andar do prédio do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE)

Muitos alunos se suicidaram, jogando-se desse mesmo andar. Alguns deles esperaram até o final do expediente da faculdade, e esconderam-se nesta escada, até que não houvesse mais ninguém além dos seguranças.

Madrugada

Duas almas que se destroem,
em todas as suas dimensões.
Duas almas que se encontram
no meio da madrugada, desesperadas,
em sonhos.

O corpo mutilado, o sangue pra destrair,
A dor que saí pra fora de mim
e arranca o pedaço, de qualquer coisa que ainda resta.

A fumaça e o rum, também pra destrair,
A dor dele, dói também em mim,
E rasga a mente, enlouquece...
Dilacera o que ainda resta.

Duas almas de um:
Fumaça, sangue, lágrima e rum.



- Juliana, rasgada.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sexta-feira

Eu ia embora, como quem nada queria.
Saí do bar porque a alegria exagerada daqueles rostos me incomodou demais.

- Sorri, Juliana. Ou vai embora.

Então eu fui. Numa quase rebelião.
Caminhando eu fui, como quem nada quer. Um sorriso por um cigarro.

- Chega aqui.

E eu fui.
De todos os patéticos inquisitores, de todas as bocas curiosas e de todos os rostos confusos, que naquele dia tentaram me compreender, só ele soube me abrir a alma.

- Tu vai pro...
- Vou! E tu?!
- Não vou.
- Por que?
- Tô sem grana.
- Bora! Vai ser legal.
- Tu paga pra mim?
- Se eu tivesse com grana, eu pagava.
- Eu também.

E sorrimos conformados, como duas crianças. Me destraí, com a espontaneidade do momento.

(Particularmente, as bocas das pessoas me hipnotizam - e confesso que deve ser estranho pra meus objetos humanóides de contemplação, ver-me fora da mente, olhando as suas bocas falarem.)

É que em certos raros momentos, e são bastante rápidos, as bocas se riem de uma maneira encantadora. Durante dois milésimos de segundo, a boca dá um sorriso que parece sair da alma.

Pedro me destraía. Percebi, ou apenas tive a impressão, que ele olhava a minha boca também. Às vezes sem cerimônia, às vezes como quem não olhou. Pronto. Pra mim, eram duas bocas que se olhavam. Duas bocas que se divertiam. Duas criaturas que se contemplavam. Sublime distração inesperada, que me fez sorrir a alma.


Com uma bermuda e esse sorriso apenas, e seus olhos apertados, que também parecem sorrir, eu sonho com ele e sua boca. Acordando e falando, num quarto de Olinda, num dia de sol...


- Juliana distante, achando que tem poesia onde não tem.