domingo, 16 de agosto de 2009

Já não me importo

Já não me importo
Até com o que amo ou creio amar.
Sou um navio que chegou a um porto
E cujo movimento é ali estar.

Nada me resta
Do que quis ou achei.
Cheguei da festa
Como fui para lá ou ainda irei

Indiferente
A quem sou ou suponho que mal sou,

Fito a gente
Que me rodeia e sempre rodeou,

Com um olhar
Que, sem o poder ver,
Sei que é sem ar
De olhar a valer.

E só me não cansa
O que a brisa me traz
De súbita mudança
No que nada me faz.


- Fernando Pessoa

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

2:45

Demônio que toma conta de mim
Cortando meu pulmão a cada pisada de pé
Expulsando suas garras, esticando-se até o meu fim

Ele sussura no quarto,
palavras que eu ouço sair da minha própria boca:
"Você quer morrer esta noite?"

E agonizando, sem ar
Eu dou meus últimos suspiros
Você quer saber?
Eu estou tremendo, está muito frio,
mas me vem na cabeça uma imagem muito bonita.

Antes de dormir,
eu coloquei uma música que faz minha alma chorar...
Água santa, via erva sem amônia
no meio caminho, uma flor que brilha diferente
"Você está vendo querida?"

A salvação é eternizar-se.

Eu vou embora essa noite
Cheia de sonhos e presentes
Me encontrar com uma legião de poetas


- Juliana sem ar.

domingo, 2 de agosto de 2009

i'm shaking;
i'm leaving...

sábado, 1 de agosto de 2009

Vida boa

Ele tem uma inclinação pelas pompas cristãs-heterossexuais-burguesas.
Vai ter um emprego respeitável, um carro novo, brilhante. Vai procurar uma vadia recuperada de alguma boa família pra se casar, e ter filhos que mais tarde vão participar de comerciais de fralda.

Fique longe, dessas coisas desvirtuosas, seu moço.
Coisa que não presta...Gente que não presta!
Hahaha!


Fique longe, que ganharás de recompensa teu terreno no céu.
...Ou uma cobertura em Copacabana.

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E boa sorte com isso...

- Juliana.

Fumo de Menta

Não olhe pra mim!
Você não se importa...
Então não me dê este maldito olhar.

Eu caço coelhos.
Eu corro pra alcançar, coisas que nem acredito...
E é desse jeito...
Eu arranco de mim, esse cheiro de morte.

Foda-se seu maldito muro.
Eu não acredito nisso.
É tudo teatro:
Tu faz o teu papel, eu faço o meu.
Porque nem és capaz de se arriscar
e nem eu consigo largar.

Desprazer de nós dois,
trocando esses malditos olhares...


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Quase nunca falo sério,
mas eu também não sei brincar...
Abre a boca.


- Juliana.