terça-feira, 5 de outubro de 2010

Parabéns, idiota.

Expatriado e abandonado como o cão ruim que és,
te debruças sobre a tua cama.

Fecha os olhos, pensa em uma mulher que quer.
Pensa em você por mais duas horas, e sai.
Em busca de um espírito que jamais terás.
Em busca de coisas que jamais lhe pertencerão.

Tuas míseras cédulas, que não lhe realizam sonhos, não te trouxeram nada.
Nada além, talvez, dos teus desejos mesquinhos.
Das tuas pobres ambições.

Completa teus 20 e tantos anos hoje, moleque.
Compre mais um brinquedo.
Compre mais um de você.

Compre o mundo inteiro, pra fingir que você é você;
Porque é dessa forma rala que ficas ciente de tua existência.

Porque é assim que você fica puto, e quer destruir tudo que é vivo.
Porque és pequeno demais. Um prédio caído. Uma cobra criada.

És somente um pivete.
Tentando tomar a espada do alto de um arranha-céu.


- Juliana, e só.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Antes de fechar os olhos

Às margens do fim do dia eu me deito;
E já é outro dia. E já sou outra.
Outra indecisa mulher, preparando-se para deitar em uma cama.

Procuro incansavelmente, coisas para me destrair.
Pra me esquivar, de tudo o que aconteceu. De tudo que eu queria que acontecesse...
E de como as coisas simplesmente não acontecem.

Agora não só eu, mas outros esperam, que eu me mova.
Que eu transforme. Que eu decida.
E é tão difícil, para minha personalidade relativamente não-absoluta,
tão simplesmente, escolher.

É perder.
É o meu choro mal contido.
É você.
Mas também eu.

_

Peço humildemente, sabedoria, à tudo que me for superior. Pois não sou eu. Nem nunca fui; Mas tenho um desejo enorme de ser.


- Juliana, triste.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sol

O virtuoso solar de quase-verão,
vindo com esses ventos de setembro
O Sol, um guerreiro, um ator.
Dois atores, fingindo não sonhar um com o outro.
Fingindo não pertencer.

E do deslize, involuntário, a hesitação de ficar
por muito tempo, olhando-o nos olhos.
É a coisa mais difícil, poeta...
Mandar a cabeça não obedecer,
a química, o cheiro, o sangue.
Pois tudo se bate.

E nos debatemos como dois lobos, que somos.
Dois lobos, loucos. Forçando nossa natureza.
Forçando a nossa plenitude.
Agonizando neste porão de cegos.

Porque só a loucura explica isso.
Só a loucura explica o cheiro da varanda e do parapeito.
Só a loucura explica a discordância de nossas palavras,
e a nossa briga entre espadas e violões e palavras de homens,
filósofos e poetas.

Entre livros e fumaça, às vezes procuro você.

- Juliana, fria.

domingo, 1 de agosto de 2010

Martini

Da maldita ansiedade, à compressão dos meus pulmões:
Tudo me faz sufocar.
Mais um dia longe da tua boca
Mais um dia ainda, para você chegar.

Tudo em mim grita, tudo em mim treme.
E meu corpo pede, desesperadamente
qualquer pedaço seu perto de mim.
E a sua voz no meu ouvido,
e a sua mão atrevida...

Ah, meu amor.
Morreria de banzo, se é que já não o sofro.
Uma escrava, acorrentada por 12 malditos dias.
e a sua imagem partindo, e a tristeza de voltar para casa,
E dormir só.
Numa cama fria, numa casa fria.

Qualquer medicina me condenaria à morte ou à camisa de força.
Pois já não como, nem durmo, nem mais nada.
Tudo que faço é pensar, pensar com muita força que amanhã já é madrugada da
primeira segunda-feira de agosto.

E que ela venha depressa, imediatamente.
Pois até lá, já não tenho mais força, pra suportar essa maldita saudade.
Que corroeu tudo que era sangue em mim.

E eu preciso de você, sem gelo, sem açúcar, na veia...
Eu preciso de você aqui.
Pra sempre.

- Juliana, sem ar.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Me desculpe

Eu não tenho nada bonito pra escrever.
Tenho o que trago.
Mais um trago, e tenho, tudo que quero.
Mais uma noite...

Mais uma noite sem dormir.
Mais uma noite, sem sonhar.

Dizia um lembrete no meu armário,
que os "sonhadores são duros na queda".
Arranquei-o tentando não cair.

Mas caí.
E botei os pés no chão.
E não sonho mais.

Me desculpe.
Eu não tenho nada de bom pra contar.

Eu tenho só saudades,
e uma vontade grande de te ver.

Juliana, insone.

Antes de tentar

Faca e pedra, como um animal;
Vociferando a minha vida,
para dois burocratas frios.

Depois da tapa, o terror.
Depois do choro, o enterro.

Nunca me senti tão fora de mim.
Não me sinto mal assim, desde nunca.

Na cama o desconforto, que incomoda, corrói...
Só me faz pensar em tudo que me deixa pior.
Dor e drama e sangue
digna de qualquer história

Atravesso a rua por um cigarro.
Vou mais além por tudo que tenho no bolso por um final de garrafa de Gin
Tão amargo e tão ruim, só pra saber
Que existe sensação pior
do que a de se sentir só,
só, e somente, só
Neste mundo morto.

Da lâmina no corpo, me filetando com rancor eu penso em tudo.
É o minuto final, e penso de novo. E penso no seu sorriso.
E penso na sua voz.
"Adeus, meu amor."
Escrevo com o sangue mal jorrado num caderno que não diz nada.
Derramo lágrimas em cima de um caderno que não diz nada.

Eu não consigo ver ponte nenhuma
Eu não consigo atravessar.


Juliana, ao avesso.

terça-feira, 22 de junho de 2010


É guerra todo dia.
Sem trégua, sem calmaria.
E a cada bomba lançada,
seguro mais firme onde eu estou.

--

Cerebral, é assim que tem que ser.
Maioral, pois é assim que é.

--------------------------------------

I'm a fighter. I don't fuckin' knee.

- Juliana, mordendo.

segunda-feira, 24 de maio de 2010




i'm surprised you know
...
you fuckin' knows me.


Juliana, afundando.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Luz de Televisão


Dessas mulheres perigosas,

que escondem atrás das suas armas

um encanto sedutor; 

Pra fazer você querer morrer,

pra fazer você querer fugir.



- Não desligo. Eu quero ver você virar esse animal que eu amo.


Juliana

domingo, 31 de janeiro de 2010



Isso já me consumiu, poeta.
Isso me destrói
...


- Juliana

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Enseada

E eu aqui, às 5:15.
Sem emprego, sem comer nada há dois dias, sem dormir.
Uma andada do outro lado da cidade, traga uma conquista, e algum dinheiro quem sabe.
Mas só pelo sair da cama - e sem medo de parecer ridícula, só por um cigarro.

Eu até desenhei meu café da manhã noite passada.

Faz muito tempo que abandonei meu lar.
Há muito tempo meu lar é você.

-------------------------------------------------

Um blues fudido, pra me abrir os olhos e um sorriso - sem nem porquê. (:

- Juliana-falida.

Whole lotta love?



You need coolin',
Baby I'm not foolin'.
I'm gonna send ya,
Back to schoolin'.
A-way down inside,
A-honey you need it.
I'm gonna give you my love,
I'm gonna give you my love. Ohh.

Wanna whole lotta love?

You've been learnin',
Um baby I been learnin'.
All them good times baby, baby
I've been year-yearnin'-ah.
A-way, way down inside.
A-honey you need-ah.
I'm gonna give you my love ahh,
I'm gonna give you my love ahh oh!


------------------------------------------------

(Para Victor)
- Pára, Victor.


- Juliana e ataques de nervos