Abandonar...
Porque eu aprendi a abandonar coisas ruins,
me engalfinhando com minha própria angústia.
Do lado de cá, existem coisas que eu nunca gostaria de ter pronunciado,
mas elas saem da minha boca como vermes saem de um corpo morto.
Abandonar!
Essa agonia, filha de noites tão tristes e mal dormidas;
Esse olhar de animal domesticado, como se eu estivesse numa eterna quarentena.
Abandonar esse trabalho medíocre, essa casa mal-assombrada, esse círculo de leprosos que me sufocam, todos os dias, me olhando como se não fosse normal não ter esse sorriso burro e produzido na cara, me desculpando toda hora por pisar fora da linha.
Abandonar essa não-vida e ir-me embora com o mar!
Eu sou pirata.
E se me falar do seu senhor mais uma vez, corto sua língua, vagabunda, e te ponho na prancha
pra alimentar meus filhos todos.
- Juliana, esperando.
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