quinta-feira, 22 de julho de 2010

Antes de tentar

Faca e pedra, como um animal;
Vociferando a minha vida,
para dois burocratas frios.

Depois da tapa, o terror.
Depois do choro, o enterro.

Nunca me senti tão fora de mim.
Não me sinto mal assim, desde nunca.

Na cama o desconforto, que incomoda, corrói...
Só me faz pensar em tudo que me deixa pior.
Dor e drama e sangue
digna de qualquer história

Atravesso a rua por um cigarro.
Vou mais além por tudo que tenho no bolso por um final de garrafa de Gin
Tão amargo e tão ruim, só pra saber
Que existe sensação pior
do que a de se sentir só,
só, e somente, só
Neste mundo morto.

Da lâmina no corpo, me filetando com rancor eu penso em tudo.
É o minuto final, e penso de novo. E penso no seu sorriso.
E penso na sua voz.
"Adeus, meu amor."
Escrevo com o sangue mal jorrado num caderno que não diz nada.
Derramo lágrimas em cima de um caderno que não diz nada.

Eu não consigo ver ponte nenhuma
Eu não consigo atravessar.


Juliana, ao avesso.

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