Olha! Olha como brilha o anel de ouro da menina rica
na capa da revista com sua beleza anoréxica e doentia
Olha! Olha como brilha o olho da menina pobre,
sonhando com seu anel e sua camisa.
Os novos sapatos de cristal, as novas fadas madrinhas.
Olha como brilha o ego e a insensatez!
Como brilha a ingnorância e a alienação!
Como brilha a sua gordura retirada na lipoaspiração,
tua parte, tua carne, num lixo de hospital.
E falam de nós, que não nos rendemos ao politeísmo cirúrgico
Nós que não rendemos ao culto de grifes
Ao modelo de figuras sórdidas, em um mundo lúdico,
onde são veneradas as maçãs.
Ela não sonha em mudar o mundo, ela quer ser rainha.
Suas roupas, seu dinheiro, sua chapinha...
Ela não almeja e nem aspira,
ela fraqueja e delira,
e quer transfundir poder para seu sangue de labuta
com um diamante, um carro e uma saia de puta,
para seu sucesso alcançar.
Pois eu me rendi, de corpo e alma, aos 'delírios' da minha mente,
para enxergar além do brilho do anel e do olho.
Sou a escória da sociedade contemporânea:
eu penso (logo resisto).
- Juliana
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